quinta-feira, 15 de novembro de 2007

FaBuLosa

Ela vive sempre assim... sonhando. Sem compreender como foi que aconteceu do lado de fora, simplesmente se percebeu sonhadora demais, mas não deixou de ser. De tanto sonhar com o universo criado dentro de si, perdeu o momento em que todos guardam os sonhos na gavetinha interna e seguem o caminho de realizar os desejos que mundo nos ensina a desejar.
Não tem sentido temporal, desordena futuro, passado e presente confundido seus respectivos valores e importancia... sonha com o que passou, sente mágoa por tudo que ainda não aconteceu e não conhece o significado do presente.
Assim sonhando se mantém. Sonha com céus estrelados, amanhecer exuberante. Sonha com amizades verdadeiras, com o amor que salva a alma, sonha com uma casa que tenha jardim, cerca, cachorros e crianças. Não entende bem se as crianças que brincam alegremente são seus filhos, ou... se é uma delas. Por vezes acredita-se com síndrome de Peter pan, não aceita a maturidade, porém não consegue mudar, sua essência é assim, pura e infantil. Acredita nas pessoas, ama de verdade, gosta de carinho, afagos e abraços. Grita e esperneia quando contrariada a apronta pra chamar atenção. Basta ser notada e mimada que se torna plena e alegre. Se entristece por besteiras e fica emburrada à toa. AO mesmo tempo não sente ódio, nem rancor, não julga ninguém e sempre dá uma segunda chance aos outros, menos a ela. Tem mania de tentar fazer sempre da melhor forma, e perde muito tempo por isso. Insatisfeita e persistente, luta muito pelo que almeja, enquanto deseja muito. Se não deseja mais, abandona.
Ela é pequena, tem olhos grandes e corpo infantil. Requebra bem e caminha de forma peculiar, mas gostaria de ser alva e ter beleza sofisticada. Ela admira inteligência, elegância e descrição, não acredita que possua nenhuma delas. Sem saber exatamente por que, conquista as pessoas, ainda que não se orgulhe dos os caminhos que usa. Tem mania de grandeza apesar de se subestimar e está sempre tentando entender se não tem o que deseja simplesmente porque ainda não alcançou,... porque não merece,... ou porque na verdade nada do que anseia, existe.
Ela senta na janela e observa a chuva, a lua, os prédios e sente uma agitação alegre por dentro em ouvir o barulhinho da água caindo lá fora. Um prazer simples e inexplicável. E é assim, sempre...sonhando. Seus devaneios se tornaram um lugar seguro e confortável e a afastou do universo exterior, e a menina com cara de mulher e coração a ser lapidado ,de alma ainda não encarnada, luta todos os dias pra entender que tudo no mundo real é bem diferente. Se esforça pra se adaptar e se fazer acostumar, mas sem que perceba, se pega delirando novamente. Talvez um coração puro e simples demais, talvez uma pessoa fraca para encarar as porradas da vida, talvez uma pessoa que pertença a outro planeta... o fato é que passou tempo demais esculpindo os cenários do seu universo paralelo e agora, por mais que queria, não consegue abandonar seu ateliê de fantasias.
E assim ela sofre, bastante. Se diverte e ri e canta e dançar e sente... mas sente muito, sente muita paixão, sente muita desilusão, sente muito desejo e sente muito desprezo. Tudo é muito intenso pro seu coração despreparado. Um impulso é um pulo: por vezes a faz voar, por vezes a joga contra o chão.
O mundo é grande, e ela o vê como uma selva a ser desbravada... desafiante. Desafio que excita e assusta! Vive de fábulas...
Graça ela tem, amor próprio, não!

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