quinta-feira, 17 de julho de 2008

tão alto, muito alto...alto demais!

Não sei que palavras usar para falar da nossa estranha historia de amor. São centenas de cenas, impressões, sensações que se confundem em minha cabeça. Oscilo entre achar-me uma maluca e/ou você um tolo. Nos conhecemos, voce me admirou e eu te detestei. Voce insistiu: me conquistou e se entregou. Nos aproximamos: eu me entreguei, voce se deliciou. Nos envolvemos: eu me apaixonei e voce... e se frustou.
Tento entender se voce exagerou desde o inicio, ou se decepcionou. Se foram meus comentarios inapropriados, minha ingenuidade descabida, meu silencio irritante. Ou se foi seu passado latejante que ofuscou meu brilho... ou seu temperamento tempestivo. Seja como for é inevitável admitir que tudo se tornou rarefeito. Repasso cuidadosamente em minha cabeça cada diálogo que tivemos, cada movimento que fiz ao seu lado e cada momento que me abstive na tentativa de encontrar falhas que justifiquem o ofuscar em seus olhos, a frieza em sua voz. Vitimização e/ou auto-flagelação são maneiras obsoletas de encarar os acontecimentos, descarto-as. Mas deve haver, sempre há, uma explicação cabível. Talvez o fato de eu bagunçar demais os cobertores, ou meu jeito desinteressante de te admirar demais. Pode até ser por eu não gosta de Heineken... ou simplesmente por você não estar disposto a se relacionar, mas há sim uma explicação plausível pra essa decadência abrupta de sentimento. O tempo de gloria foi tão breve e maravilhoso quanto a derrota amarga. Não será a primeira, nem a última vez que me engano e sinto tristeza ou pesar, mas construi sonhos, breve e leves, com você. E você conseguiu me convecer, e talvez até TE convencer, de que sentira por mim um sentimento que nunca chegou a existir. Nenhuma mágoa contra seu enorme sorriso, nem rancor contra seu hipnotizante jeito de ser, não poderia dirigir-te nada que não fosse carinho, admiração e gratidão. No entanto, impossivel não lamentar por uma historia como a nossa ruir... eu queria você ao meu lado, de forma que se deseja poucos e únicas pessoas na vida. Tal qual a intensidade do fogo fascina, a fugacidade destroe. E eu sempre soube disso, desde aquele primeiro beijo... só não quis acreditar!!!!

T.C.

do palco da bailarina

As tentativas de ser "assistida" só deram certo até uma idade. Este canal é uma confirmação de que não estou em um palco. Talvez nenhum de nós estejamos, mas há de se admitir que certas pessoas têm mais visibilidade. Não desenvolvi nenhum talento inegável, não criei coisas inegalvelmente admiráveis (que atingissem mais do que minha mãe). E só agora, com vinte e quatros anos compreendo que não haverá "the end", nem cortinas se fechando, lágrimas ou palmas. E é tão... desolador. Quando criança, em minha apresentações de balés (cujos ensaios duravam um ano inteiro), eu ficava agitada e ansiosa durante a semana que antecedia o "show". A ansia pelas palmas e pelo olhar de admiração das pessoas que passavam depois pelo camarim e me apontavam (na verdade nos apontavam) como as estrelas da noite, era tão grande que fazia com que todo aquele esforço e dedicação fossem mínimos. A semana seguinte era vazia. Triste e orgulhosa, buscava me focar nos ensaios do próximo ano (que comecariam em dois ou tres meses). Sofri quando deixei de dançar e passei muito tempo me culpando por ter abandonado a dança. Porém mais tarde percebi que o incomodo que residia em mim não era exatamente pelo ballet, mas sim pela ausência do palco, da emoção de ser observada com admiração, dos aplausos, da curiosidade dos expectadores em ver, de perto, o rosto de quem transmitira tal magia a seus olhos. Acreditei que essa experiencia viria a se repetir no futuro. No emprego, na faculdade, no amor... Que me observariam com fascinação e que vez ou outra ouviria: "parabéns, vc estava ótima!". Por isso já fiz tantos números, dei tantas piruetas e até malabarismo contorcinista pouco prováveis eu executei, mas não ouvi nenhum barulho de palmas, nem de uma única pessoa sentada à plateia. Nem mesmo aquele elogio consolo quando a fita da sapatilha sai do pé em meio à apresentação e atrapalha definitivamente o desempenho na coreografia, mas ao final, a professora coloca o braço por cima do ombro fragil da bailarina e diz: "Sua apresentação foi perfeita!". Esse modo enganoso, porém reconfortante, apoio pós-vacilo, é tãaaao importante... faz um falta! Mas a menos que a escolha seja passar a vida toda com os pés em bolhas e abrindo mão de deliciosas pequenas coisas que a vida proporciona (ou seja uma dessas pessoas iluminas que não se sabe como, nem por que, estão sempre sob holofotes), não haverá plateia, nem excitação, nem luzes ofuscantes, nem olhares fascinados. Apenas um coração ansioso, por trás das cortinas, esperando o momento de brilhar!
à determinação da criança sonhadora que fui...