sábado, 13 de outubro de 2007

insonia improdutiva

A resignação pela chuva...
Hoje eh ela quem me salva, me purifica, me exime da dor latente no peito! Da tristeza das coisas que nao fiz e da impunidade das que fiz. A culpa das magoas que causo e dos carinhos que sonego e que desprezo, e da agressividade que distribuo. Nao fosse pelo dom artistico que esqueci de ter, do talento pra vida que deixei escapar e do profundo abismo implantado no meu ser, eu seria capaz de amar... e ser amada. Mas nao consigo, nao dá! A minha existencia eh pequena, miúda e encolhida, não há espaço pra mais nada, nem ninguem. Ao menos a chuva... ao menos o barulho envolvente e acolhedar da agua que escorre do céu, nao me faz sentir egoista... ela cai pra todos, deliberadamente.
Não que eu não seja humana, nem insensivel... mas tentativas de interegir com o mundo e principalmente com os seres humanos não tem sido bem sucedidas...
Eu quero um abraço, um afago, um colo e alguem de quem eu possa cuidar também, mas sempre apunhalo quem se predispoe a estar ao meu lado... nunca eh "de igual para igual"... e eh apunhalo sim, pra manter todos longes de mim e nao sofrer com a realidade de que nao tenho nada a doar! Ai como isso dói... e como eu me arrependo e me canso desse meu jeito de ser!
Aaaaah, a chuva! Esperei tanto por ela, sempre espero. Ela me acalma, me tranquiliza e diminui minha solidão incuravel. A unica que pode se aproximar sem ser ferida, afinal sua unica finalidade eh essa, ser contemplada... nunca estara em desvantagem.
Ja as pessoas... as pessoas merecem muito de tudo: amor, carinho, risadas, afago, companheirismo, confiança... e eu não posso dar isso a ninguem! Então que seja assim, meu murinho protegendo o mundo e a mim, de mim mesma.
Selvagem como fogo, condenada a solidão!

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Foi-se o tempo que excesso de personalidade era motivo de orgulho. Que excentrismo era originalidade e impulso era liberdade. Acabou a era em que ser indomável eh um merito e assustar as pessoas era engraçado... hoje eu queria ser livre, mas livre de mim. Livre do exagero da minha presença, da imprevisibilidade do meu comportamento e pronta pra saborear as coisas boas que o mundo nos oferece assim... de bandeja. Vontade de ter um sorriso no rosto pra responder a tudo com ternura e encarar de forma compreensiva a essencia falha do ser. Como quero contruir um amor... edificar da maos dadas um universo imenso, de duas pessoas. Sorrir, chorar, gritar, cantar, respirar, fazer amor e abraças meus amigos... sem correr o menor risco de destruir nada!

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